14 Resultados
Os resultados finais dos mapas de heterogeneidade da paisagem, conectividade local e resiliência da paisagem, bem como os mapas correspondentes às variáveis intermediárias da análise podem ser visualizados no seguinte endereço: https://projeto-resiliencia-tnc.hub.arcgis.com/?share=link.
Abaixo são apresentados os recortes para cada bioma e nos itens seguintes consta a descrição dos resultados de cada camada para o Brasil e para cada bioma.
14.1 Mapas por bioma
São apresentados abaixo os mapas de heterogeneidade da paisagem, conectividade local e resiliência da paisagem para cada um dos biomas: Amazônia (Figura 14.1), Caatinga (Figura 14.2), Cerrado (Figura 14.3), Mata Atlântica (Figura 14.4), Pampa (Figura 14.5) e Pantanal (Figura 14.6).
14.2 Heterogeneidade da paisagem (link)
As áreas de alta heterogeneidade da paisagem estão distribuídas por todo o Brasil (Figura 14.7). As regiões de destaque são aquelas próximas aos rios, em localidades com alta rugosidade do relevo, com mudanças abruptas de declividade, e que apresentam alta densidade de áreas úmidas e riqueza de solos.
A heterogeneidade da paisagem foi calculada utilizando todas as variáveis que compõem o índice (variedade de formas de relevo, amplitude altitudinal, índice de áreas úmidas e riqueza de solos), porém, com importância variando de acordo com o contexto local (Figura 14.8 A). A variedade de formas de relevo foi a principal variável na determinação da heterogeneidade da paisagem, seguida pela média de todas as variáveis (Figura 14.8 B). O índice de áreas úmidas e a riqueza de solos também foram importantes nos locais onde a variedade de formas de relevo e a amplitude altitudinal não apresentaram valores altos (Figura 14.8 B). Ressaltamos também que não foram identificados vieses para áreas de altitudes elevadas em relação às áreas de baixa altitude, nem entre as diferentes fitofisionomias (Figura 9.1, Figura 9.2).
A distribuição da heterogeneidade da paisagem para cada conjunto de variáveis teve medianas semelhantes, mas diferiu nas suas variâncias (Figura 14.9). Os maiores valores de heterogeneidade da paisagem foram associados a variedade de formas de relevo e índice de áreas úmidas (Figura 14.9).
Da mesma forma que para o Brasil (Figura 14.8), todos os biomas apresentaram a variedade de formas do relevo e a média de todas as variáveis como as duas variáveis mais importantes (Figura 14.11). A partir dessas, os biomas diferiram nos seguintes aspectos:
Para Amazônia e Pantanal, a média de formas de relevo, amplitude altitudinal e riqueza de solo foram mais importantes;
Para Mata Atlântica e Pampa, amplitude altitudinal e formas de relevo se destacaram;
E para Caatinga e Cerrado, as variáveis mais importantes foram as formas do relevo, amplitude altitudinal e índice de áreas úmidas;
O índice de áreas úmidas foi bastante representativo no Pantanal, quando somadas as porcentagens das localidades que utilizaram o índice de áreas úmidas;
A média de todas as variáveis teve maior contribuição para o valor final no Pantanal, quando comparada aos demais biomas.
Com relação a algumas regiões de alta heterogeneidade da paisagem dentro dos biomas (Figura 14.11), é importante mencionar:
Na Amazônia, destacam-se o entorno dos vales dos rios menores (ex. Parque Indígena do Xingu), as regiões montanhosas ao norte do bioma (ex. Raposa Serra do Sol) e as regiões com maior rugosidade no relevo (ex. Território Kayapó; Figura 14.1 A, Figura 14.11);
Na Caatinga, é possível identificar alta heterogeneidade da paisagem nas áreas de alta rugosidade do relevo (ex. Sítio Boqueirão), nas variações de declividade bruscas (ex. Chapada do Araripe) e nos vales de rios (ex. Assunção do Piauí; Figura 14.2 A, Figura 14.11);
No Cerrado, observa-se alta heterogeneidade nas transições dos platôs das chapadas para as áreas baixas (ex. Chapada dos Veadeiros e Chapadas do Rio São Franscisco), em localidades com alta rugosidade do relevo (ex. Serra da Canastra) e locais com variação de altitude (ex. Patamares Ocidentais da Bacia do Paraná). Nas áreas de relevo mais planas, destacam-se os rios Araguaia e das Mortes como as áreas de alta heterogeneidade, principalmente em função da presença de grandes áreas úmidas no entorno (Figura 14.3 A, Figura 14.11);
Na Mata Atlântica, as áreas de alta heterogeneidade da paisagem estão localizadas próximas aos vales das redes fluviais na região oeste do bioma (ex. Araçatuba e Galinhos), nas áreas de transições abruptas de declividade (ex. Bom Jardim da Serra) e com alta rugosidade do relevo (ex. Pacatuba-SE), e em localidades nas grandes cadeias de montanhas (ex. Serra da Mantiqueira e Serra do Mar; Figura 14.4 A);
No Pampa, a heterogeneidade da paisagem é maior em regiões com alta rugosidade do relevo (ex. Serra do Sudeste, APA do Ibirapuitã, na Campanha, e na região nordeste do Rio Grande do Sul), e próximo a rios (ex. rio Jacuí) e lagos (ex. entorno da lagoa dos Patos; Figura 14.5 A, Figura 14.11).
No Pantanal, a heterogeneidade da paisagem segue majoritariamente os padrões deposicionais da região, visto que pequenas declividades em um ambiente muito plano são relevantes para gerar heterogeneidade da paisagem (Figura 14.6 A, Figura 14.11) devido ao contraste da variação de relevo com o entorno. As localidades com maiores valores de heterogeneidade da paisagem foram as próximas a rios maiores (Piquiri, São Lourenço e Taquari), lagoas da Nhecolândia e regiões mais altas (ex. Serra do Amolar), contrastantes com o entorno plano (Figura 14.6 A). Dentre regiões altas inseridas no Pantanal, vale destacar a paisagem da Serra do Amolar (borda oeste do Pantanal) e alguns morros testemunho na planície Pantaneira.
14.3 Conectividade Local (link)
A conectividade local da paisagem apresenta um padrão diferente daquele apresentado na camada de heterogeneidade da paisagem, mostrando uma divisão entre regiões muito conectadas na região norte e outras com conectividade mais baixa nas regiões central e sudeste do país (Figura 14.12). Essa distribuição evidencia uma fragmentação clara do mapa do Brasil em duas porções. Isso se deve ao histórico de ocupação dessas regiões e ao uso atual com relação a agricultura e ocupação urbana.
O padrão de conectividade local encontrado reflete a distribuição espacial das classes de uso e cobertura do solo com valores de resistência distintos. É possível observar uma concentração alta de classes com alto valor de resistência na parte mais a sul e leste da região norte (coincidindo com o arco do desmatamento da Amazônia) que divide o Brasil em duas porções muito marcadas. A noroeste, na região amazônica, está a porção com maior concentração de áreas naturais, com menores valores de resistência e, portanto, com alta conectividade. Na porção sul e a leste do arco do desmatament da Amazônia o há um mosaico de áreas com diferentes graus de resistência à movimentação dos organismos, prevalecendo classes com valores médios e altos de resistência na região sul e sudeste e classes com valores médios e baixos de resistência na região nordeste, com uma porção litorânea marcadamente mais antropizada que as porções mais a oeste desta região.
Com relação a regiões de destaque dentro dos biomas (Figura 14.13), podemos descrever alguns padrões gerais:
Na Amazônia, a conectividade local tende a ser alta de modo geral, sendo as maiores extensões com baixa conectividade ligadas a ações antrópicas. Essas áreas estão situadas, principalmente no “arco do desmatamento”, nos limites sul e sudeste do bioma, onde ocorrem as maiores áreas com supressão de florestas naturais por expansão da fronteira agrícola. Porém, esse cenário de supressão não é exclusivo da região do “arco do desmatamento”. É possível observar grandes extensões de terra com baixa conectividade em áreas próximas aos municípios de Santarém e Monte Alegre no Pará, tanto na margem direita quanto esquerda do rio Amazonas, onde grandes extensões de savana e floresta foram convertidas para uso agrícola. Também são encontradas áreas com baixa conectividade ao longo de eixos de desenvolvimento, como as estradas BR-163, a Transamazônica ou a BR-174, e também têm se estendido na região entre os estados do Amazonas, Acre e Rondônia (chamada de AMACRO) e também está passando por um processo de intensa conversão agrícola (Figura 14.1 B, Figura 14.13);
Na Caatinga, a conectividade local é alta principalmente na porção ocidental do bioma e ao norte do rio São Francisco, onde há uma concentração espacial maior de áreas naturais e, portanto, com valores menores de resistência potencial à movimentação de organismos. A porção leste do bioma se configura por uma pulverização mais fina de classes com maior resistência (mais antropizadas) entremeadas por áreas descontínuas com valores de resistência mais baixos, conferindo a essa parte do bioma valores de conectividade local mais baixos do que nas porções a oeste. Ao sul do rio São Francisco é possível identificar um mosaico mais marcado de grandes áreas com baixa conectividade local e grande áreas com alta conectividade local, refletindo, respectivamente, a predominância espacial de classes de uso e ocupação do solo mais antropizadas (de alta resistência) e de áreas com predominância de classes menos antropizadas (com baixa resistência). O rio São Francisco aparece também como uma importante barreira geográfica no bioma, devido a sua extensa largura em alguns trechos na região central (Figura 14.2 B, Figura 14.13);
No Cerrado, as regiões norte, leste e oeste possuem altos valores de conectividade. As áreas mais conectadas ao norte abrangem, por exemplo, a região de Floresta de Cocais (Maranhão), e porções ao norte da bacia Araguaia-Tocantins. A oeste, as regiões do Bananal e uma parte da Chapada dos Parecis apresentam áreas de alta conectividade. A leste, as áreas de conectividade mais acentuada ocorrem na Depressão do São Francisco (Bahia). Por outro lado, na Chapada do Rio São Francisco, há baixa conectividade nas áreas de agricultura. Nas porções central e sul do bioma concentram-se as áreas com baixa conectividade, sendo as menos conectadas aquelas próximas a grandes centros urbanos como Goiânia, Campo Grande e Brasília. Baixa conectividade é observada também em extensa região no sul do Mato Grosso do Sul e na região de Basaltos do Paraná. Ainda assim, a maior parte da região menos conectada está entremeada de áreas de alta e média conectividade (Figura 14.3 B, Figura 14.13);
Na Mata Atlântica, a conectividade local é espacialmente agregada, com regiões de alta conectividade local nas porções de relevo mais acidentado nas serras e próximas ao litoral entre Santa Catarina e sul do Rio de Janeiro e norte do Espírito Santo até Alagoas, chegando a avançar mais para o interior nos estados de Santa Catarina e Paraná. Extensas áreas de baixa conectividade se estendem pela região do bioma localizada no centro e oeste de São Paulo e Paraná, oeste de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e leste de Mato Grosso do Sul. Outra extensa área de conectividade baixa/moderada ocorre paralelo à costa desde o Rio de Janeiro até o norte da Bahia e entre Sergipe e Rio Grande do Norte. Estas últimas dão lugar a áreas novamente com maior conectividade nas divisas com o Cerrado e a Caatinga nos estados de Minas Gerais e Bahia (Figura 14.4 B, Figura 14.13). As áreas de menor conectividade, principalmente localizadas na maior extensão longitudinal do bioma, correspondem a grandes ocupações urbanas nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, áreas de maior densidade populacional do Brasil (Figura 14.4 B, Figura 14.13);
No Pampa, as localidades com alta conectividade local estão localizadas na Serra do Sudeste, na Campanha (nas proximidades com a APA do Ibirapuitã) e na região das Missões (Figura 20 B, Figura 27), bem como em alguns trechos do Litoral. Em contraste, os locais com menor conectividade estão localizados próximo aos principais centros urbanos, como é o caso de Porto Alegre e região metropolitana, assim como nas proximidades com grandes rodovias (ex. ao longo da BR-116 e BR-287) (Figura 14.5 B, Figura 14.13);
No Pantanal, a conectividade local é, de modo geral, alta na maior parte do bioma. Considerando os limites da bacia do Alto Paraguai, a conectividade vai reduzindo em direção à borda leste e sul coincidindo com a divisa com o Cerrado e em direção à borda norte, coincidindo com a divisa com a Amazônia. Essas bordas fazem parte justamente do recém identificado “arco da conversão da vegetação nativa do Pantanal” (Guerra et al., 2020), similar ao que ocorre no arco do desmatamento da Amazônia, em função do avanço da agropecuária. Ademais, também nota-se a diminuição dos valores de conectividade no Pantanal do Taquari, por ser uma região inundada o ano todo, e nas áreas próximas à Serra do Amolar, aos municípios de Corumbá e Ladário do MS e próximos à lagoa de Uberaba no MT (com área aproximada de 160 km2) (Figura 14.6 B, Figura 14.13). Além dos avanços mencionados da agropecuária, são evidentes várias regiões de menor conectividade dispersas no Pantanal, sendo em sua grande maioria regiões de pastagens, ocorrendo esse padrão principalmente nas regiões do Paiaguás, Nhecolândia e Baixo Barão do Melgaço.
14.4 Resiliência da paisagem (link)
As áreas com maiores valores de resiliência da paisagem estão concentradas principalmente no bioma Amazônia, em regiões próximas à bacia do rio Araguaia no bioma Cerrado, em algumas regiões distribuídas ao longo de todo o bioma Pantanal, no interior da Caatinga, na Serra do Mar no bioma Mata Atlântica e nas regiões de maior rugosidade do terreno no Pampa (Figura 14.14). O padrão espacial da resiliência é guiado por um padrão mais regional da conectividade local, sendo refinado pela variação mais local da heterogeneidade da paisagem. Por exemplo, regiões com baixo impacto antrópico, como no caso da Amazônia, variam a sua resiliência de acordo com a distribuição local da diversidade do meio físico. Por outro lado, na Mata Atlântica, apesar da alta heterogeneidade da paisagem, a baixa conectividade no bioma reduz as áreas de maior resiliência.
Conforme já indicado anteriormente, é importante mencionar que a avaliação da resiliência da paisagem foi realizada apenas para ambientes terrestres, não sendo avaliada a resiliência de ambientes aquáticos. Embora rios, lagos e áreas úmidas tenham sido incluídos ao longo da construção das camadas de heterogeneidade da paisagem e conectividade local (como descrito na metodologia), os corpos d’água e outros ecossistemas aquáticos foram mascarados do resultado final do mapa de resiliência, não sendo classificados portanto como nenhuma classe de resiliência da paisagem.
Ao avaliar os percentuais relativos de pixels cada quadrante de resiliência para o Brasil, há uma distribuição equitativa entre eles, de cerca de um quarto para cada um deles: Q1 = 24,5%; Q2 = 24,0%; Q3 = 24,1%; e Q4 = 27,4%. As classes com maior percentual no Brasil são as classes 42 (11,2%), classe 43 (10,6%) e classe 44 (8,4%). No Brasil, a Amazônia, pelo seu tamanho e pelo status de conservação, se destaca por englobar o maior percentual tanto de áreas de maior resiliência (quadrante Q4), com 19,5% das áreas avaliadas no Brasil, quanto pelas áreas com maior conectividade (quadrante Q3), com 17,3%. Com relação às áreas com maior heterogeneidade (quadrante Q2), Cerrado e Mata Atlântica se destacam, com 7,7% e 6,6% do total das áreas avaliadas do Brasil. E com relação às áreas de menor resiliência (quadrante Q1), Cerrado, com 8,8%, é o bioma com o maior percentual no Brasil. Importante salientar que os percentuais indicados aqui se referem aos três maiores biomas em extensão no país.
Considerando o contexto dentro de cada bioma, e portanto os percentuais relativos à área do bioma, a Amazônia possui a maior porcentagem de áreas de maior resiliência localizadas no quadrante Q4 (40,4%), seguida por Pantanal (38,1%), Caatinga (20,6%), Cerrado (16,6%), Pampa (15,2%) e Mata Atlântica (6,2%) (Figura 14.15). Ordem semelhante é seguida quando consideramos os percentuais por bioma para a classe de resiliência muito alta (classe 44): Amazônia (15,2%), Pantanal (7,0%), Cerrado (2,4%), Caatinga (2,2%), Pampa (1,6%) e Mata Atlântica (0,4%). Por outro lado, quando consideramos as áreas de menor resiliência (quadrante Q1), o bioma Mata Atlântica apresenta o maior percentual para o quadrante Q1 (41,1%) e também o maior valor para a classe de resiliência mais baixa (classe 11; 12,5%). Os biomas Cerrado, Pampa e Caatinga também apresentam valores altos desse quadrante, com 37,1%, 36,0% e 34,0%, respectivamente. Com relação aos valores de heterogeneidade da paisagem (quadrante Q2), se destaca a Mata Atlântica com o maior valor (48,4%) e o Pantanal com o menor valor (7,4%). E considerando os valores de conectividade local (quadrante Q3), acontece exatamente o inverso, com o Pantanal com o maior percentual (40,8%) e a Mata Atlântica com o menor (4,3%).
Uma avaliação mais detalhada dos resultados de resiliência por bioma (Figura 14.16) mostra que:
Na Amazônia, as áreas de maior resiliência da paisagem estão concentradas na região norte do estado do Amazonas e na região oeste do bioma (estado do Acre). O quadrante de maior resiliência da paisagem (Q4) representa 40,4% dos pixels avaliados do bioma e a classe de resiliência muito alta (classe 44), significativos 15,2%. Esses valores podem ser considerados altos quando observando os valores gerais obtidos e representam os maiores valores quando comparados aos demais biomas do Brasil. Além disso, o quadrante de maior conectividade da paisagem (Q3) representa 35,9% do total, indicando que o padrão conservação da vegetação nativa do bioma contribui para a alta conectividade local e resiliência da paisagem encontrada nos nossos resultados. Isso mostra a importância do bioma para a conservação da biodiversidade frente às mudanças climáticas. Por outro lado, as áreas de baixa resiliência da paisagem (quadrante Q1), que são locais que apresentam baixa heterogeneidade da paisagem e baixa conectividade local, correspondem a um valor de apenas 11,4% dos pixels avaliados do bioma. Por fim, o quadrante de heterogeneidade da paisagem (Q2) representa 12,3% do total do bioma.
Na Caatinga, as áreas de maior resiliência da paisagem (quadrante Q1) representam 20,6% do total dos pixels avaliados para o bioma e estão concentradas no interior do bioma. Quando considerando a classe de resiliência muito alta (classe 44) apenas 2,2% são encontradas no bioma. Áreas de baixa resiliência (quadrante Q1), por outro lado, correspondem a expressivos 34,0% dos pixels avaliados do bioma, indicando locais que apresentam baixa heterogeneidade da paisagem e baixa conectividade local. O quadrande de maior heterogeneidade da paisagem (Q2) totaliza 26,0% dos pixels do bioma e o de conectividade local (Q3), 19,4%.
No Cerrado, as áreas de maior resiliência da paisagem estão mais concentradas no norte e leste do bioma, na bacia do Araguaia (e.x., Parque Nacional do Araguaia) e no extremo oeste (na Chapada dos Parecis, estado do Mato Grosso). O quadrante de maior resiliência da paisagem (Q4) representa 16,6% dos pixels avaliados do bioma e a classe de resiliência muito alta (classe 44) apenas 2,4%. Áreas de baixa resiliência (quadrante Q1), por outro lado, correspondem a expressivos 37,1% dos pixels avaliados do bioma, indicando locais que apresentam baixa heterogeneidade da paisagem e baixa conectividade local. São verificados 32,4% da área para o quadrante de maior heterogeneidade da paisagem (Q2) e 14,0% para o quadrante de maior conectividade local (Q3).
Na Mata Atlântica, as áreas de maior resiliência da paisagem são identificadas na porção sul e sudeste do bioma, porém estão concentradas em áreas de elevação moderada a alta já que em áreas mais baixas dessa mesma região encontram-se as maiores metrópoles do Brasil. As áreas de maior resiliência da paisagem apresentam o menor percentual entre todos os demais biomas do Brasil. Apenas 6,2% do total dos pixels avaliados para o bioma são classificados no quadrante Q4 e apenas 0,4% são classificados na classe de resiliência muito alta (classe 44), ou seja, um valor muito baixo de locais com alta heterogeneidade da paisagem e alta conectividade local. Em complemento a isso, o quadrante de maior conectividade local (Q3) apresenta também o menor valor entre todos os biomas, com apenas 4,3% do total de pixels avaliados do bioma. No bioma, podemos visualizar a formação de agregados de pequena extensão com valores de alta resiliência, sendo fortemente limitados pela baixa conectividade local encontradas no bioma. Tais áreas de alta resiliência se encontram principalmente na Serra do Mar, porção leste de Santa Catarina e do Paraná, e na divisa com os biomas Caatinga e Cerrado, em Minas Gerais e Bahia. O histórico de ocupação e degradação desse bioma é potencialmente um dos principais fatores responsáveis pela atual baixa conectividade ao longo do território ocupado pela Mata Atlântica, uma vez que essas são áreas que foram amplamente utilizadas tanto para agricultura quanto para o assentamento dos primeiros e mais expressivos centros urbanos do país. Por outro lado, se destaca o valor identificado para o quadrante de maior heterogeneidade da paisagem (Q2), que apresenta um percentual alto de 48,4% dos pixels avaliados para o bioma, o maior entre todos os biomas e o maior percentual geral. Portanto, nossos resultados mostram que a conectividade da paisagem é um fator determinante no padrão de resiliência atualmente encontrado para o bioma. Por fim, é de destaque também o valor encontrado para as áreas de baixa resiliência da paisagem (quadrante Q1), que correspondem a 41,1% do território do bioma, evidenciando a extensão de áreas com baixa conectividade local em áreas de baixa heterogeneidade da paisagem.
No Pampa, as áreas com maior valor de resiliência estão localizadas na região central (Serra do Sudeste), no oeste do bioma (na Campanha, próximo à APA do Ibirapuitã, e na região das Missões) e também em alguns locais no litoral, ao longo da costa do estado do Rio Grande do Sul (com maiores extensões na porção sul, ao longo da lagoa Mangueira, e no centro-sul da lagoa dos Patos). Essa distribuição coincide com a localização das áreas com maior conectividade local. O quadrante com maior resiliência da paisagem (Q4) corresponde a 15,2% dos pixels avaliados do bioma e a classe de resiliência muito alta (classe 44) apenas 1,6%, o segundo menor valor entre todos os biomas (atrás apenas do bioma Mata Atlântica). Áreas de baixa resiliência (quadrante Q1), por outro lado, correspondem a 36,0% dos pixels avaliados do bioma, indicando locais que apresentam baixa heterogeneidade da paisagem e baixa conectividade local. Importante salientar o alto valor para o quadrante de maior heterogeneidade da paisagem (Q2), com um total de 39,0% dos pixels avaliados do bioma, e o baixo valor para o quadrante de maior conectividade local (Q3), com apenas 9,8% do total do bioma.
No Pantanal, as regiões de maior resiliência da paisagem são majoritariamente aquelas próximas às regiões com maior densidade de áreas úmidas, uma característica de destaque para esse bioma. As áreas de maior resiliência da paisagem (quadrante Q1) representam expressivos 38,1% do total dos pixels avaliados no bioma, atrás apenas do bioma Amazônia. Quando considerando a classe de resiliência muito alta (classe 44) 7,0% são encontradas no bioma. É importante destacar que o quadrante de maior conectividade local (Q3) apresenta um percentual alto de 40,8% do total do bioma, indicando locais com vegetação natural e que permitem a movimentação de organismos na paisagem. Áreas de baixa resiliência (quadrante Q1), por outro lado, correspondem a 13,8% dos pixels avaliados do bioma, indicando locais que apresentam baixa heterogeneidade da paisagem e baixa conectividade local. E, por fim, o quadrande de maior heterogeneidade da paisagem (Q2) totaliza o menor percentual para o bioma, com 7,4% dos pixels do bioma.